sábado, 19 de setembro de 2009

Em cada esquina

Em uma quinta-feira como todas as outras estava eu sentada no ponto de ônibus, aguardando o "lotadinho" passar. Enquanto isso avistei do outro lado da rua um cantor de pagode. Um moço apresentável, cheio de coragem cantando entre os carros durante o sinal fechado no cruzamento entre a Avenida Independência e a Nove de Julho.
Com o seu pandeiro na mão apressava a letra da musica para que todos pudessem ouvir antes que o sinal abrisse.
Fiquei concentrada naquele ser, que com muito entusiasmo não parava de tocar entre a calçada e a faixa. Tinha voz boa para um pagodeiro. Algumas pessoas no ponto até cantavam junto com ele e o observava também até onde uma pessoa vai para conseguir uns míseros centavos para sobreviver.
O sinal abriu, mas sem duvidas, ele ainda queria cantar mais, permanecendo ali entre os carros que quase o atropelava. Notava-se facilmente que não tinha só vontade de ganhar uns trocados, mas também de ser um cantor de pagode.
Parou em frente a uma viatura, o policial balançou a cabeça com um gesto cordial de incentivo a aquele homem que cantava.
Duas mulheres dentro do carro olhavam para ele e começaram a mexer em algo. Pensei: Essas ai devem dar alguma coisa para ele. Este logo percebeu e foi se aproximando do carro tocando seu pandeiro e cantando com muita alegria, mas para minha surpresa, elas ligaram o som o carro em um volume extremamente alto e começaram a dar risadas. O cantor não se mostrou vencido, continuou cantado mesmo com sua voz se misturado ao som da musica.
O sinal abriu e ele novamente volta para a calçada. Logo mais a frente, na outra esquina estava um menino ainda muito jovem, jogando fogo com malabares em troca também de um trocado.
Mas seria um trocado mesmo? Não seria uma opção de dizer: "Ei! Estou aqui, tenho vontade de trabalhar e vencer na vida como venço no meio destes carros, lutando para não ser atropelado todos os dias, debaixo de sol e chuva, só me falta uma oportunidade"
Nesse momento o “lotadinho” passou e tive que embarcar.

Um comentário:

Anônimo disse...

leva ele para sua casa!kkkkkkkkkkkk

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