quinta-feira, 16 de junho de 2011

Eu escrevo, agora sei porquê...

Depois de algum tempo sem postar nada aqui. Essa reflexão merece espaço!



Raros são os momentos que paramos para pensar nas mazelas da vida. Acabo de chegar em casa e ainda estou extasiada, completamente sem palavras e cheia de emoções. Não podia deixar de escrever-las. Pois ainda permaneço com algumas perturbações e indignações dentro de mim. Não, não sei lhe dizer o que é! Só consegui chorar, e muito. Eu chorei, chorei como criança. Desculpem-me por ser tão sensível.

Chorei pelas tantas mulheres que morreram e não conseguiram sobreviver com as mais desumanas torturas. Que não conseguiram criar seus filhos. Sendo que muitas foram torturadas em sua própria frente. Chorei pelo fracasso e crueldades dos homens que até hoje matam e morrem em nome de Deus. Poderia ter sido eu, minha mãe ou meu pai. Mas, afinal para quê? Não deveríamos enxergar o sistema como capitalista ou comunista, mas como humanista. Que é o que verdadeiramente deveríamos ser. Mas não somos. Queremos a todo passo mostrar superioridade, trapacear, e julgar nossas ações como as melhores. Isso nada mais é do que exemplo de ditadura.

A apresentação que acabo de assistir é a causa de tudo isso. Da reflexão que não quer calar, do sentimento que ficou. “Mulheres Vermelhas”, dirigido por Gilson Filho, é a crítica a esses miseráveis militares que podem ser anistiados. As dores que as mulheres enfrentaram no pau-de-arara, choque elétrico e afogamentos, jamais serão perdoadas. Estas torturas foram utilizadas para reprimir as manifestações e arrancar informações sobre as atividades de grupos e pessoas ligadas à oposição durante a ditadura militar.

A coragem dessas pessoas em sua maioria jovens, politizados ou em processo de politização, se colocava até a morte, em defesa dos seus ideais. Assim como as vitoriosas mulheres que sobreviveram a tudo isso como Áurea Moretti e Silvinha, que pude ter a sorte de conhecer tamanha fortaleza.

Sentia e estremecia a cada palavra mencionada dos atores durante os relatos vividos por estas mulheres. Me fez lembrar Wladimir Herzog, jornalista morto e torturado durante a ditadura. Por isso escrevo e com prazer. Em sua época teria sido morta apenas por denunciar em uma linha. Hoje preservo isso. E é por causa dessas almas que podemos criticar nosso sistema. Você dá valor a isso?

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